Sunday, January 17, 2010

Robo-Pharmacist

Farto de explicar aos meus colegas, das farmácias em que tenho trabalhado, que não acho correcto comermos no sítio onde são preparados antibióticos, e que mesmo o ambiente da farmácia, entre lidar com sangue e, amiúde, com receitas sujas - não me abre muito o apetite.

Quer dizer - não é que eu seja sobre-humano.

Wednesday, January 06, 2010

Times Change

E, no entanto, tenho saudades dos tempos em que "Evra" e "Valeron", para mim, nada mais significavam que jogadores de futebol...

Tuesday, January 05, 2010

Mais uma para aumentar a classe

O rapaz chega à farmácia e pede um afrodisíaco bem forte:
- Sabe o que é, é que hoje vou sair com duas raparigas que são umas taradas!!!
- Leva este frasco. Podes tomá-lo cedo, que demora um pouco a fazer efeito!!!
No dia seguinte, o rapaz aparece na farmácia, todo partido, com uma cara de quem não conseguiu dormir:
- Aai, por favor, dê-me uma ligadura!!!
- Para o pénis???
- Não, para o braço, as raparigas não apareceram!!!

Ai, Ai

Prontamente chamado a corrigir a declaração do meu estimado colega ElPharmacêutico (a propósito, agora me lembro: "wtf...?"): cenas assim ocorrem amiúde (melhor: "agraúde") numa farmácia "mainstream", mas não numa farmácia de aldeia, longe da Civilização, em que ninguém conhece "Victoria's Secret" (já secretos de porco preto...) - essas coisas só no estrangeiro.

Ai, ai. É basicamente isto que tenho a dizer. Ai, ai - reitero.

Não é que faltem mulheres, não. Mas pertencem a um nível etário diferente, e o único esgar parecido que é possível ocorre num dia de toilette diferente, ou aquando, por exemplo, da medição da tensão arterial, perante uma camisola incómoda.

Porque os meus pais me aconselharam a não ser pervertido, o esgar é - tal como nos tempos da mesma farmácia do ElPharmacêutico (a sério: "wtf...?"), é perfeitamente involuntário.

A única diferença é que, nesse contexto, há um sério arrependimento. Ah, a luxúria interminável de soutiens amarelecidos de mulheres nos seus 50s e 60s... Huh! Didn't need to see that!

Para dar classe a este blogue

Uma das vantagens de se trabalhar numa farmácia:

Monday, January 04, 2010

Rx-Files 1

Eu sabia que a senhora, que me parecia uma rapariga, por ser anormalmente baixa, e vivaz, não estaria a levar a melhor das vidas. Aquilo que me pedira de manhã - e que eu disse que "não temos" na farmácia, sei de fonte segura que não serve só para limpar cromados da mota.

Mas bom - até aí tudo bem.

Reaparece de tarde, desta vez com o companheiro, com crianças, a mais velha das quais parecia sua filha, mas trata-a pelo nome. Dores de? Ok, estou a ver. Até aí tudo bem.

Eu ando algo lerdo ao balcão, mas era capaz de jurar que houve também contorcionismo no seu discurso, para eu demorar tanto tempo a perceber que era apenas para uma criança, não para um adulto - que julgava ser o tal marido ao mesmo tempo nervoso e embevecido, por não quero pensar demasiado o quê, certamente que sem desconforto por as crianças, atrás, estarem a mexer nos produtos cosméticos, abrindo embalagens seladas.

O certo é que eu - comme d'habitude - também nem reparei nesse vendaval de à-vontade das miúdas. Portanto, diríamos que... até aí tudo bem, na minha mente.

Agora, sendo que eu não tinha percebido bem o caso, e lhe tinha trazido, para além de um xarope para a miúda (enferma de entretenimento no balcão da Cosmética), ibuprofeno 400 mg para o mítico adulto, ela teve esta última embalagem nas mãos. Não me recordo bem em retrospectiva, mas certamente que algo de errado havia com aquelas mãos. Pequenas, nervosas, dedos curtos, unhas curtas. Quase que estranhamente pequenas - como ela própria. E vermelhas, de um vermelho pouco sano, intercalado com um amarelo vivo, galináceo, e, percebi depois em retrospectiva - luzidias.

O xarope foi, tal como a minha colega foi aceder ao ao sítio dos batons para travar a abordagem. E eu, neste ponto, ainda estava na minha.

Mas a caixa de ibuprofeno 400 mg voltou para trás. E havia agora algo de estranho nela, definitivamente. Estranho ao toque. Ligeiramente arrepiante. Gorduroso, sem razão para isso.

Procurando o raio de luz certo para a caixa, vi que estava manchada. Tinha impressões digitais demasiado nítidas, a mão desavisada encontrava naqulea superfície uma resistência novamente, uma confirmação - um nojo imenso.

Acabei por a passar toda com álcool, para tirar as dedadas. O que teriam as mãos daquela senhora? Que espécie de alenígena estava escondido perante os meus olhos? Toda aquela famíia era demasiado desassossegada, demasiado estranha. Com dedução sherlockiana confirmei o que suspeitava - os batons onde as miúdas haviam mexido estavam também cobertos por aquela camada arrepiante, que queremos que seja impressão desmentida pelo plástico limpo, mas nunca é.

"Ciganos", disseram-me depois. Mas eu acho que é que são mesmo de outro planeta. Seria o Jabba the Hut que tinha as tais dores? Hum...



Yap - vai para o Grossed Out At Work Hall of Fame. Mais que merecido.

Rx-Files: Períodos de Nojo

Não resisto a relatar, nos meus primeiros posts deste blog, os aspectos mais repugnantes da vida de um farmacêutico. É - eu gosto de começar bem.

O Veneno é a Dose

"Todas as substâncias são venenos; nenhuma há que não seja veneno. A dose certa é o que distingue um veneno..."

Paracelso (1493-1541)